O crux, ave, spes unica!
(Avé, ó cruz, esperança
única!)
Festa da Exaltação da Santa Cruz, em
14 de Setembro, celebra a Cruz como instrumento de salvação, fonte de santidade
e símbolo revelador da vitória de Jesus sobre o pecado, a morte e o demônio.
Um Breve histórico do surgimento da
festa.
Segundo a tradição, a Vera Cruz foi descoberta em 326 por
Helena de Constantinopla, mãe do Imperador Constantino I, durante peregrinação
à cidade de Jerusalém. A Igreja do Santo Sepulcro foi construída no local da
descoberta, por ordem de Helena e Constantino. A igreja foi dedicada nove anos
após, em 335, com uma parte da cruz em exposição. Em 13 de Setembro ocorreu a
dedicação da igreja e a cruz foi posta em exposição no dia 14, para que os
fiéis pudessem venerá-la. Em 614 os persas invadiram a cidade e tomaram a cruz,
que foi recuperada pelo Imperador Bizantino Heráclio em 628.
Heráclio, vindo a Jerusalém, a trouxe
com grande pompa sobre seus próprios ombros, até a montanha onde o próprio
Salvador a tinha transportado. Nesta ocasião, aconteceu um grande milagre bem
digno de memória. Heráclio, coberto como estava de ornamentos de ouro e
pedrarias, não pôde passar a porta que conduzia até o Calvário. Quanto mais
seus esforços para avançar eram grandes, tanto mais se sentia impedido de
continuar e parecia retido no mesmo lugar. Vendo isto, o bispo de Jerusalém,
Zacarias, tomando a palavra, disse: “Considerai,
Imperador, que esta ornamentação de triunfo, portando a Cruz, não lembra a
pobreza e a humildade de Jesus Cristo”. Heráclio então, se despojando de
suas vestimentas luxuosas, e com os pés descalços, vestido como um homem do
povo, fez sem dificuldade o restante do caminho e recolocou a Cruz no Calvário,
no mesmo lugar d’onde os Persas a tinham retirado. (Fonte – Montfort, associação Cultural)
Desde que Nosso Senhor Jesus Cristo, o
Filho da Bem-Aventurada e Virgem Maria, salvou o mundo por sua paixão e morte
de Cruz, esta se tornou o sinal de nossa salvação, mas não apenas isso, a Santa
Cruz nos nossos dias atuais tornou-se também, um testemunho de verdade e
fidelidade reciproca ao Amor de Deus e a Santa Igreja. Um Católico que leva
consigo uma Cruz no peito, atemoriza os inimigos do corpo e da alma e se torna,
em si mesmo, um sacramental redentorista de Cristo.
CIC
1505 - Pela sua paixão e morte na cruz. Cristo deu novo sentido ao sofrimento:
desde então este [sofrimento] pode configurar-nos com Ele e unir-nos à sua
paixão redentora.
CIC 616 - É o amor até ao
fim que confere ao sacrifício de
Cristo o valor de redenção e reparação, de expiação e satisfação.
“É este o estilo do amor de Cristo,
marcado com o sinal da cruz gloriosa, na qual Cristo é exaltado, à vista de
todos, com o coração aberto, para que o mundo possa contemplar e ver, através
da sua humanidade perfeita, o amor que nos salva.” (Bento XVI)
“Ninguém
poderá viver sem dor, Quem ama de verdade o Salvador.” (A Imitação de
Cristo, III, c. 5). A Cruz é também
sinal de sofrimento, pois quem decide abraçar a Cruz, deve fazê-lo por amor
àquele que nos deu a Vida por sua morte, então tenhamos a coragem de abraçar nossa
Cruz cotidiana, seja ela qual for: pobreza - que a sua Crua seja também sua
força para alçar uma melhor condição; carências afetivas - firme-se na Cruz e
resista às tentações que podem te levar a desistir de sua caminhada; aridez
espiritual - una sua alma ao Cristo crucificado e lá encontrarás a maior prova
de amor já vista em toda a história da humanidade. Todos nós carregamos cruzes,
então “Tome a sua Cruz! A sua!” (São
Luís Maria de Montfort, CAC. 18). Deus não nos deu um jugo que não poderíamos
carregar, mas ao contrário, nossa cruz deve ser a arma de nossas conquistas,
leve sobre os ombros como um estandarte de batalha, sem arrastá-la, sem resmungar,
e principalmente, sem largá-la, pois como disse Santa Teresa Benedita da Cruz:
“Geralmente
recebemos uma cruz mais pesada, quando desejamos nos livrar daquela que
tínhamos antes” (A Ciência da Cruz). A
CRUZ transforma-se assim no próprio SINAL DA VIDA, porque nela Cristo vence o
pecado e a morte através da entrega total de si mesmo. Por isso, devemos
abraçar e adorar a Cruz do Senhor, fazê-la nossa. (Bento XVI)
Para Nosso Senhor, que é um
sinal de contradição (Cf. Lc 2,34), primeiro
a cruz significava desprezo, vergonha. Mas tornou-se sinal de esperança de
salvação. É verdadeiramente fonte de bens infinitos. Na Cruz, Jesus pagou por
nossos erros, libertou-nos dos nossos pecados, reconciliou-nos com Deus, uniu
todos os povos em um só corpo, transformou-nos em seus amigos.
E o próprio Jesus nos exorta a esse
sapiencial caminho de santidade: “Se
alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e
siga-me.”(Lc 9,23), caso contrário pois, aqueles que não aceitam sofrer com paciência e carregar sua cruz com
resignação, terão de carregá-la com murmurações e impaciência, como acontece
com os que se condenam. Serão semelhantes aos dois animais que arrastavam a
Arca da Aliança mugindo continuamente. (Cf. São Luís Maria de Montfot, CAC.
33).
Ficar perto da cruz é uma tarefa
desafiadora para todos os cristãos, por isso, Jesus Cristo, Sabedoria Eterna
Encarnada, nos sagra a Virgem Maria. O Redentor confia sua Mãe ao discípulo
amado e dá-la como mãe. Nesse momento, a maternidade de Maria Santíssima atinge
cada um de nós, e Ela se torna a Genitora de todo corpo eclesial. A Mãe do
Salvador, foi, sem dúvida, a pessoa que mais participou da paixão e morte de
Nosso Senhor. Ela ouviu cada uma de suas palavras na Cruz, Ele, por sua vez,
olha para sua mãe com compaixão. Ela ESTÁ DE PÉ aos pés da Cruz e com a alma
transpassada de profunda dor, esteve atenta à agonia do seu Filho. Aos pés da
Cruz é que o homem conhece a Mãe da Humanidade, Maria! “E dessa hora em diante
o discípulo a levou para sua casa” (Jo 19,27). Esse discípulo, por sua vez,
assume o papel de filho, que também é o papel de cada cristão, e certamente,
tem como resposta o amor da Mãe.
Nós pregamos
Cristo crucificado, o qual, de fato, é escândalo para os judeus e loucura para
os gentios, mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é
o poder de Deus e a sabedoria de Deus (Cf. I
Cor 1, 23-24).
Então poderíamos compreender verdadeiramente o mistério da Cruz, "como Deus cria prodígios até na
impossibilidade para que se saiba que só ele pode fazer o que quer. Da sua
morte a nossa vida, das suas chagas a nossa cura, da sua queda a nossa
ressurreição, da sua descida a nossa exaltação" (Papa emérito Bento
XVI – AUDIÊNCIA GERAL 04/04/2007).
Ó Sabedoria da Cruz, quantos te rejeitam, és caminho para
felicidade.
"Se não houvesse a
cruz, Cristo não seria crucificado. Se não houvesse a cruz, a vida não seria
pregada ao lenho com cravos. Se a vida não tivesse sido cravada, não brotariam
do lado as fontes da imortalidade, o sangue e a água, que lavam o mundo. Não
teria sido rasgado o documento do pecado, não teríamos sido declarados livres,
não teríamos provado da árvore da vida, não se teria aberto o paraíso. Se não
houvesse a cruz, a morte não teria sido vencida e não teria sido derrotado o
inferno". (Santo André de Creta)
Luiz Maria,
membro Nível I da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus,
indigno Escravo de Amor
à Santíssima Virgem Maria.