domingo, 19 de maio de 2013

Maio, mês de Maria




            Já no início da Idade Média, durante o mês de maio, a Igreja começou a venerar Nossa Senhora e passou a homenagear Aquela que é estrela de nossas noites e travessias. E por que a Igreja dedicou à Virgem Mãe de Deus o quinto mês do ano? A Ladainha de Nossa Senhora contém várias invocações que ajudam a compreender esta devoção. Ali invocamos a Mãe de Cristo com alguns títulos importantes: Rosa Mística e Estrela Matutina. A estrela da manhã é o sol, o dia, a aurora. Do Céu, Maria é a luz que brilha e ilumina nossos caminhos. Nas horas do Ofício Divino, diversas vezes saudamos Maria como Aurora de nossas vidas.
No hemisfério norte, maio situa-se em plena primavera, estação das flores, da beleza e da graça. No entanto, vale conhecer as origens desse mês para que se possa compreender melhor a simbologia religiosa. A incursão pela mitologia ajudar-nos-á a reconhecer outras razões da consagração do mês de maio a Nossa Senhora.
Segundo alguns pesquisadores, o calendário romano reformado por Júlio César em 45 A.C. (modificado posteriormente pelo Papa Gregório XIII, daí o nome de calendário gregoriano), dedicava o quinto mês do ano ao deus Apolo (irmão gêmeo de Ártemis), o qual recebeu de Hipérion o sol, a lua e a aurora. São famosos os versos de Byron que lhe são dedicados: deus da vida, da luz e da poesia, o sol em forma humana apresentado. A lenda conta ainda que Apolo matou uma grande serpente, chamada Píton, que atemorizava o povo. Consoante outros estudiosos, o mês de maio era dedicado à deusa Maia, mãe de Hermes, da qual se originaria a palavra maio. De acordo com relatos mitológicos, Maia era a deusa dos campos e das flores.
A Igreja, desde as suas origens, em sua sabedoria milenar, parte de símbolos e da cultura dos povos para revelar sua mensagem. Já o apóstolo Paulo, no Areópago de Atenas, referindo-se ao altar consagrado Ao deus desconhecido, assim se expressou: aquele a quem venerais sem conhecer, é esse que vos anuncio (At 17, 23). Maria é a rosa por excelência, a flor mais bela e mais pura. É a nova Eva, vencedora do pecado e do demônio simbolizados pela serpente.
Convém lembrar que a iconografia católica representa a Virgem Maria (Nossa Senhora da Conceição) pisando a cabeça da serpente. Foi Ela quem gerou a luz, o dia, o sol da justiça, que é Cristo. Desta forma, o contexto e o pretexto lendário serviram para revelar virtudes de Nossa Senhora. Atribuiu-se, assim, novo sentido às comemorações de maio, que no catolicismo passa a ser dedicado à Mãe de Deus.


O MÊS DE MAIO E A DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA
Desde a Antiguidade, ou seja, bem antes do nascimento de Jesus Cristo, o mês de maio era ligado a um personagem feminino. Seu nome deriva de uma homenagem a Maia, deusa da mitologia greco-romana. Esta, segundo os estudiosos, era a mais jovem das sete Plêiades, filhas do gigante Atlas com Afrodite. Mãe de Hermes, o mensageiro dos deuses, Maia era a deusa do renascimento e, portanto, associada à primavera, que, no hemisfério norte, atinge o seu esplendor no mês de maio.
Mas, antes de existir um mês chamado maio, no calendário organizado por Rômulo, quando da fundação da cidade de Roma (753 A.C), já havia uma ligação dessa época do ano com um arquétipo feminino. Vejamos: a constelação que mais se destaca nas noites de maio é justamente a de Virgem, com sua brilhante estrela Spica. Esta constelação foi assim denominada, em alusão às atividades de jardinagem, tarefa de responsabilidade das mulheres. Assim, durante o mês de maio, o céu passou a ser associado à figura feminina.
Vale salientar ainda, que a constelação de Virgem já foi conhecida como Anna, a deusa do céu e esposa do deus sumério Anu. É bom lembrar, também, que outrora esteve associada a Deméter, deusa romana da Agricultura e a Eva, esposa de Adão, a mãe dos viventes, segundo o relato do Livro do Gênesis.
Com o advento do cristianismo e sua mensagem, uma nova e grandiosa figura feminina destacou-se: Maria, a Virgem Santíssima. E assim, a veneração a Nossa Senhora veio preencher uma lacuna existente no catolicismo, religião esta, até então, exclusivamente patriarcal.
De acordo com a tradição católica, o fato de Maria Santíssima ser filha de Ana, ou Anna – que já era ligada à constelação de Virgem – contribuiu ainda mais para que se promovesse tal associação. Cabe ressaltar igualmente que, segundo a teologia católica, Maria é chamada de nova Eva, o que veio reforçar esta analogia. 
E como Maria Santíssima é venerada pelos católicos como a Rainha dos Céus, seu manto é representado pela cor azul do firmamento, simbolizando o céu. Nessa interpretação, Maria, Mãe de Jesus, é a Rainha dos Céus, daí Ave, Regina Coelorum (Salve, Ó Rainha dos céus), uma das antífonas rezadas ou cantadas, durante o ano litúrgico, como conclusão das Completas na Liturgia das Horas. Na Ladainha de Nossa Senhora (também chamada Ladainha Lauretana) há uma invocação, denominando-a Porta do Céu (Ianua Coeli).  







Pe. João Medeiros Filho

Sacerdote da Arquidiocese de Natal, imortal da Academia de Letras do RN.

domingo, 12 de maio de 2013

Redes Sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços de evangelização




O Domingo da Ascensão do Senhor, celebrado na liturgia do domingo 12 de maio, é também dedicado pela Igreja Católica Apostólica Romana a celebração do “Dia Mundial das Comunicações Sociais”, instituído durante o Concílio Vaticano II através do documento Inter Mirifica do papa Paulo VI. Desde 1967, o papa lança uma mensagem universal para tratar sobre o tema neste dia com orientações para os fieis atuarem nos meios de comunicação e se fazerem igreja também nos ambientes digitais.
Para o 47º Dia Mundial das Comunicações, o tema escolhido pelo então papa Bento XVI foi: “Redes Sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços de evangelização”. A mensagem divulgada no dia 24 de janeiro, dia de são Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, buscar promover uma reflexão lúcida sobre a nova forma humana de relacionamento nas redes sociais.

Hoje no Brasil segundo dados do Ibope, 77% dos internautas acessam redes sociais (Facebook, Twitter, entre outros) e as projeções são de que até 2015, nada menos do que 98% dos brasileiros terão pelo menos um perfil em rede social. Por isso o Santo Padre reforça na mensagem deste ano, “O desenvolvimento das redes sociais digitais que estão a contribuir para a aparição de uma nova ágora,  de uma praça pública e aberta onde às pessoas partilham ideias, informações, opiniões e podem ainda ganhar vida novas relações e formas de comunidade”.
Envolvidos quase que 24h do nosso dia em algum suporte midiático para nos relacionarmos, seja celular, internet, TV, jornal, seja de uma forma direta ou indireta acabam influenciando nossa vivência e religiosidade. Por isso não podemos negligenciar a atuação nesses meios em defesa e na autoafirmação da nossa fé.

O papa Bento XVI nos encoraja: “A cultura das redes sociais e as mudanças nas formas e estilos da comunicação colocam sérios desafios àqueles que querem falar de verdades e valores. Muitas vezes, como acontece também com outros meios de comunicação social, o significado e a eficácia das diferentes formas de expressão parecem determinados mais pela sua popularidade do que pela sua importância intrínseca e validade”.
Com atenção especial para a juventude, público-alvo das redes sociais, o papa Bento XVI alerta para uma melhor compreensão deste meio de integração, “O ambiente digital não é um mundo paralelo ou puramente virtual, mas faz parte da realidade cotidiana de muitas pessoas, especialmente dos mais jovens. As redes sociais são o fruto da interação humana, mas, por sua vez, dão formas novas às dinâmicas da comunicação que cria relações: por isso uma solícita compreensão por este ambiente é o pré-requisito para uma presença significativa dentro do mesmo”, diz o papa emérito.
Por fim, Bento XVI nos faz o convite, para sermos presença do Evangelho nas redes sociais, fazendo a transição do ambiente virtual para o real, com autenticidade e coerência. “Procurando tornar o Evangelho presente no ambiente digital, podemos convidar as pessoas a viverem encontros de oração ou celebrações litúrgicas em lugares concretos como igrejas ou capelas. Não deveria haver falta de coerência ou unidade entre a expressão da nossa fé e o nosso testemunho do Evangelho na realidade onde somos chamados a viver, seja ela física ou digital. Sempre e de qualquer modo que nos encontremos com os outros, somos chamados a dar a conhecer o amor de Deus até aos confins da terra”.
Que sejamos como pescadores lançando nossas redes no ambiente digital, em busca dos homens e mulheres que imersos nesta realidade ainda se encontrem distantes da presença do amor de Deus.





Júlio de Maria
Missionário da Comunidade de Aliança; Jornalista.

Para citar esse artigo:
Júlio Maria - "Redes Sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços de evangelização"
Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus 

http://formacaodiscipulosdamaededeus.blogspot.com.br/2013/05/redes-sociais-portais-de-verdade-e-de.html

terça-feira, 7 de maio de 2013

Mãe: Deus quis ter colo





Durante todo o mês de maio, a Igreja Católica homenageia Maria Santíssima. E no segundo domingo, festejamos nossas mães terrenas. Na primavera europeia, especialmente em maio, mês em que as rosas desabrocham e florescem, quis a Igreja comemorar a beleza da vida daquela que é a Rosa Mística”, como recitamos na Ladainha de Nossa Senhora. É justo e merecido esse preito de gratidão à Virgem e a todas as mães da terra.
Nesse dia, desejamos celebrar a ternura, o carinho, a compreensão, o desvelo e a dedicação ilimitados, em suma, o incondicional amor materno. E nada melhor para simbolizar e resumir todos esses sentimentos humanos do que a figura de nossa mãe. Participante do mistério de Deus, representante do Divino entre os homens, ela encarna a bondade e lembra a vida sobrenatural e nosso destino de criaturas, filhas do Eterno e Absoluto.
  O próprio Cristo, tendo dispensado tantas realidades e bens terrenos, não se privou do colo materno e do sorriso meigo daquela que Ele nos legou para ser também a nossa Mãe. “Eis a Tua Mãe” (Jo 19,27), dissera Jesus num gesto de doação, antes de sacrificar sua vida para nos redimir. O Filho de Deus, melhor do que nós, sabia que o coração de uma mãe pode expressar a misericórdia divina para conosco. Assim, o saudoso João Paulo I, numa feliz expressão, afirmara diante da multidão, na Praça de São Pedro: “Deus é Mãe”. E Leonardo Boff também afirmou: Maria Santíssima é o Rosto Materno de Deus”.
  É esse lado divino de nossas mães, que desejamos proclamar no segundo domingo de maio. É a tradução do amor de Deus num olhar humano, que neste dia celebramos, ao homenageá-las. A grandeza do Criador não poderia deixar de ser acessível a todas as criaturas. Sua inefável bondade, sua infinita capacidade de amar e perdoar não poderiam ficar sem uma representação terrena, à disposição de todos os homens: simples, cultos, importantes, humildes, doentes, saudáveis, grandes e pequenos. Deus quis nos deixar um sacramento universal de seu afeto e sua ternura. Por isso, Ele concretizou o seu plano de amor no coração das mães.
Por conseguinte, a celebração deste domingo de maio, entre todos os dias do ano que devem ser dedicados às mães, é o memorial da sublimidade da vida, lembrança da suprema beleza eterna, que “Deus Mãe reserva para todos os seus filhos. Mas, era preciso existir um dia no calendário, em que se pudesse externar a consciência explícita do nosso reconhecimento por um ser, que participa do mistério da bondade de Deus.
As mitologias greco-romanas e orientais apresentam deusas-mães. O cristianismo, além de nos revelar “o Rosto Materno de Deus, dá-nos duas mães: a temporal e a eterna a fim de nos acompanhar em todas as dimensões de nossas vidas. Mãe é Amor. E Deus também, descreve São João, na sua Primeira Carta (1Jo 4, 8).
Hoje e sempre, peçamos a Maria Santíssima que cubra com o seu manto sagrado todas as mães e as abençoe, pois, como Mãe Divina, conhece melhor do que nós os seus corações, imagem de Deus, ternura incomensurável e misericórdia sem limites, na face da terra.









 Pe. João Medeiros Filho, indigno escravo de amor
Consultor Acadêmico da Faculdade Dom Heitor Sales



Para citar esse artigo:
Pe. João Medeiros Filho - "Mãe: Deus quis ter colo"
Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus 

http://formacaodiscipulosdamaededeus.blogspot.com/2013/05/mae-deus-quis-ter-colo.html