terça-feira, 3 de dezembro de 2013

DEUS É MISERICORDIOSO, CLEMENTE E COMPASSIVO


A fé não é fruto de meros conceitos teóricos ou abstratos, e sim de uma experiência íntima com Deus. Faz parte da nossa história de salvação e daquela vivida pelo Povo do Antigo Testamento. Daí, para compreendê-la melhor, é fundamental conhecer bem a Sagrada Escritura. Ela ensina-nos que a misericórdia é essência do Divino. Outras religiões também reconhecem que Deus é compassivo e clemente. A Sura Al-Fatiha, primeiro capítulo do Alcorão, volta-se para tais atributos.
No entanto, isso nem sempre está claro no conceito que se tem de Deus. Não raro, opõem-se Nele poder e misericórdia, como se fossem excludentes ou antagônicos. A fé cristã não deve permitir essa dualidade. A clemência e a compaixão divina ultrapassam a sua justiça. Deus é todo-poderoso, mas igualmente onipotente no perdão, o qual está implícito em seu julgamento. E isso é a misericórdia, na concepção bíblica e teológica. Muitos têm uma imagem errônea e distorcida de Deus, pois o veem como um juiz implacável, quase um carrasco. Na verdade, Ele é Amor e sua bondade paternal transcende a nossa imaginação.
O povo da Antiga Aliança comprovou muitas vezes que o Todo Poderoso punia os culpados, para que voltassem ao caminho da retidão. O Senhor é “fiel e perdoa culpas, rebeldias e pecados” (Ex 34,6-7). A justiça divina é pedagógica e deseja levar o homem a refletir e mudar de vida. Tendo reconhecido o seu erro, arrependendo-se e comprovando o desejo de conversão, “Javé se recorda de sua misericórdia” (Sl 25,6).
O Senhor é sensível e benevolente. Esta é uma das convicções sólidas dos cristãos e dos hebreus. Por volta dos anos 700, antes da era cristã, o profeta Isaías recordava muitas vezes que Javé “se compadece do seu povo, com misericórdia eterna” (Is. 54,8).
São Paulo emprega frequentemente essa terminologia para referir-se a Deus, a quem chama de “Pai de misericórdia e de toda consolação” (2Cor 1,3). Ele é “rico em compaixão e bondade”, pois nos amou, mesmo sendo pecadores e sem sequer conhecê-lo (Ef 2,4-5). O próprio Apóstolo dos Gentios confessa ter experimentado a magnanimidade divina, por intercessão de Jesus, apesar de ter sido blasfemo e perseguidor de Cristo (1Tm 1,13. 16).
O Mestre da Galileia dá-nos a conhecer claramente que seu Pai é generoso e indulgente, reprovando o farisaísmo e a hipocrisia dos doutores da lei, que o criticavam porque acolhia os publicanos e comia com os pecadores. Recordou-lhes as palavras de Isaías: “misericórdia eu quero, e não holocaustos” (Mt 9,13). Beleza, riqueza e poesia são as parábolas de Lucas (Lc 15), como a do filho pródigo, em que Cristo mostra a ternura, a benignidade e o perdão do pai: imagem de Deus. Embora respeite a opção de seu filho, mesmo quando o rejeita e abandona, ele fica esperando de braços abertos, o seu retorno, pronto para acolhê-lo. E festeja a sua volta, posto “que estava morto e tornou à vida; estava perdido e foi encontrado” (Lc 15,32).
              O Papa Francisco, em seus pronunciamentos, leva-nos a refletir sobre o significado das afirmações da fé cristã. Crer em Deus significa, antes de tudo, confiar em sua inefável clemência, cuja justiça é muito mais abrangente e complacente que a nossa. Ele quis salvar os homens e o mundo, não pelo ódio, castigo ou temor, e sim pelo amor e pelo perdão. Ficam aqui as palavras de Jorge Mário Bergoglio: “Deus não nos trata conforme a mesquinhez de nossos pensamentos e pecados, mas conforme a abundância de sua benignidade, seu amor, sua benevolência incomensurável e seu perdão sem limites”.






Pe. João Medeiros Filho, indigno escravo de amor.







Para citar esse artigo:
Pe. João Medeiros Filho "Deus é Misericordioso, Clemente e Compassivo"
Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus
http://formacaodiscipulosdamaededeus.blogspot.com.br/2013/12/deus-e-misericordioso-clemente-e.html

terça-feira, 5 de novembro de 2013

SALMOS – CONVITE À ORAÇÃO


O que significa rezar? É importante? Que lugar ocupa em nossa vida? Estas e outras perguntas assomam à consciência do cristão. Os evangelhos relatam que Jesus passava noites inteiras em oração, a sós com Deus (Lc 6,12). Os apóstolos pediram a Jesus que lhes ensinasse a rezar. Assim, permaneceram em prece, esperando com Maria a vinda do Espírito Santo (At 1,22). Lucas narra que os primeiros cristãos “eram perseverantes na oração” (At 2,42). Paulo orava incessantemente e recomendava o mesmo aos fiéis (Ef 1,16; Fl 1,4; Rm 12,12; Cl 4,2). Inegavelmente, a oração é uma manifestação da fé e da vida eclesial.
No tempo de Cristo, os mestres ensinavam os discípulos a orar. Existem muitas maneiras de rezar hoje, assim como vários “mestres de oração”. Jesus desaconselhava a oração dos hipócritas (Mt 6,5), que rezavam apenas com os lábios, mas cujo coração estava longe de Deus (Mc 7,6), Ele advertia também para não orar como os pagãos, que pensavam convencer Deus com muitas palavras (Mt 6,7). Cristo, então, ensinou o Pai Nosso (Mt 6,9-15; Lc 11,2-4), mostrando que a prece é diálogo com o Pai.
Rezamos, às vezes, de maneira abstrata, como se Deus fosse algo que pudesse ser capturado com palavras ou ritos mágicos. O batismo tornou-nos seus filhos e permitiu dirigirmo-nos a Ele, como Pai. E a um pai, falamos com confiança e simplicidade. Não somos estranhos a Deus, nem Ele a nós. Por isso, nossa prece se traduz em agradecimento, súplica, desabafo, pedido de perdão etc. É um ato de amor e intimidade com nosso Pai. Diante Dele, somos crianças e, como tal, podemos nos sentir em seu colo, falar-lhe livremente, chorar, permanecer envolvidos em sua ternura, sem dizer uma só palavra. Eis o que também é rezar.
Não devemos esquecer a beleza e a importância da oração, a partir dos salmos. Quanta inspiração encontramos ali, onde o salmista traduz, de maneira iluminada, nossos sentimentos e estado de alma. Eis o exemplo do Salmo 71/70. Trata-se de uma prece que nos mostra a existência terrena. Primeiramente, há um ato de fé: “Ó Deus, sois minha esperança! Aprendi a confiar em vós desde a minha juventude, sois meu amparo, desde o seio materno. Vós me conheceis, desde que eu nasci” (v 5-6). Continua externando sentimentos de gratidão aos céus por seu amor e o reconhecimento pela generosidade e misericórdia divinas. “Por isso agradecido vos louvo sem cessar... Porque vossa graça tem agido em mim. Minha boca está cheia de louvores, não paro de glorificar-vos, Senhor meu Deus!” (v 6-8).
         Mas, o salmista tem consciência de que ao avançarmos em idade, vamos perdendo a firmeza e aumentando os medos. Conhece nossa fragilidade e efemeridade. Por isso, assim clama: “Não me abandoneis agora que estou ficando velho e vou perdendo o vigor humano (v 9). Não fiqueis longe de mim, ó Deus!”! (v 12). Mesmo que tenhamos sido fiéis ao longo de nossa vida, não deixamos de ser pecadores, nem sempre agimos corretamente. Mas, isto não deve apagar nossa esperança em Deus. O importante é saber arrepender-se e confiar no amor e perdão infinito do Pai. É o que o Salmo 71/70 nos ajuda a fazer em sua parte final: “Quanto a mim, sempre esperarei em vós e quero louvar-vos cada dia com mais fervor. Celebrarei, agradecendo as grandes obras que fizestes e a justificação pela qual somente vós nos dais a salvação” (v 14-16). “Vós, ó Deus, me tendes instruído desde a juventude e, desde então, venho cantando a grandeza de vossas maravilhas. Agora estou velho e meus cabelos estão brancos, mas vos peço: Senhor, permanecei comigo para que eu possa anunciar às novas gerações o vosso poder sem igual” (v 17-18). Que também a nós o Senhor conceda mais fé, alegria, gratidão e ternura, enquanto permanecermos peregrinos nesta terra!





Pe. João Medeiros Filho, indigno escravo de amor.








Para citar esse artigo:
Pe. João Medeiros Filho - "Salmos - Convite à Oração"
Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus
http://formacaodiscipulosdamaededeus.blogspot.com.br/2013/11/salmos-convite-oracao.html

A VIRTUDE DA GRATIDÃO


A gratidão é uma das grandes virtudes do ser humano. Madre Teresa de Calcutá a definia como “a delicadeza da alma” e Esopo, “a virtude das almas nobres”. Jesus tratou desse tema com os seus discípulos. Lamentou a ingratidão. Há algumas semanas, na missa dominical, lemos a narrativa de Lucas, no capítulo dezessete (Lc 17, 11-19) sobre a cura dos dez leprosos por Cristo. Todos foram agraciados, após suplicarem: “Mestre, tem compaixão de nós” (Lc 17, 13). Um dos leprosos, ao perceber que havia sido curado, voltou glorificando a Deus, em alta voz, e prostrando-se aos pés do Senhor,  agradeceu-lhe. Então Ele perguntou: “Por acaso, não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão?” (Lc 17, 17).
Jesus ressaltou que apenas o samaritano voltou para agradecer o milagre. E com isto ensina-nos que a sensibilidade humana não é determinada pela raça, religião, cultura ou classe social. É uma questão de maturidade, cultivada pela experiência de saber reconhecer os dons recebidos. A gratidão transforma nossos corações e ilumina nossos olhos. Permite-nos entender a vida de modo diferente. Quem dá, participa do mistério do Pai, que concede tantos bens e graças a seus filhos. Agradecer é a consciência dessa gratuidade.
A gratidão faz crescer, no coração do homem, o sabor pela bondade. Ajuda-nos a eliminar sentimentos que obscurecem a mente e o coração, fecundando o desejo de ser bom. Dissipa os males que enfraquecem a compaixão e fortalecem a indiferença. Ajuda a vencer a soberba e a inveja, tantos outros vícios e erros de uma sociedade, que adota as dinâmicas desastrosas da disputa e do ódio.
São Francisco afirmou que “a gratidão é uma das moedas mais difíceis de ofertar na vida”. Por isso, preocupava-se sempre em ser grato a tudo e a todos. Agradecia ao irmão sol por aquecê-lo e proporcionar vida à terra; ao irmão vento por acariciá-lo e à natureza, nos dias de calor; à irmã lua por enfeitar as noites de céu claro; ao irmão sofrimento, que lhe permitia aprendizados sobre o viver humano. O exemplo do Poverello de Assis remete-nos a profundas reflexões, neste tempo em que predominam a insensibilidade, o desinteresse, o desrespeito e o descaso pelo outro. Na desenfreada busca pelo sucesso, pela sobrevivência, pelas tarefas cotidianas, vivemos encastelados, envoltos em nossos problemas e desafios. Nesse tumultuar de compromissos e dificuldades, não paramos para perceber tudo aquilo que Deus nos dá e, egoisticamente, esquecemo-nos de agradecer.
Os amores dos filhos que, aconchegados em nossos braços, parecem diluir as dores da alma, quem no-los ofertou? A possibilidade do progresso profissional, os desafios de crescimento humano, as chances de desenvolvimento do intelecto, a paz interior, o bem-estar do espírito, quem nos concede? O corpo, que nos é instrumento de expressão, trabalho, convivência, emoções, quem no-lo presenteou? E nós, mal nos damos conta da grande bênção da saúde, quando nossa corporeidade, apesar das deficiências ou limitações, oferece-nos oportunidades riquíssimas.
            Temos o costume de agradecer à vida e a Deus pelas nossas conquistas e alegrias? E também, por que não sermos gratos ao Pai pelo mal que não nos atingiu, pelas dores que não precisamos suportar? E mesmo que os dias difíceis nos cheguem à jornada terrestre, agradeçamos a dor, que lapida a alma  imperfeita, fazendo brotar virtudes que ainda permanecem latentes em nossa intimidade. Deveremos sempre recordar que dependemos da bondade e misericórdia do nosso Criador, o qual nos sustenta na caminhada. A gratidão será o sentimento que nos inundará a alma de bênçãos divinas, doce quietude e suave luz.






Pe. João Medeiros Filho, indigno escravo de amor.
Para citar esse artigo:
Pe. João Medeiros Filho - "A Virtude da Gratidão"
Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus
http://formacaodiscipulosdamaededeus.blogspot.com.br/2013/11/a-virtude-da-gratidao.html

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A Cruz, Mistério da Redenção



O crux, ave, spes unica!
(Avé, ó cruz, esperança única!)

Festa da Exaltação da Santa Cruz, em 14 de Setembro, celebra a Cruz como instrumento de salvação, fonte de santidade e símbolo revelador da vitória de Jesus sobre o pecado, a morte e o demônio.
Um Breve histórico do surgimento da festa.
Segundo a tradição, a Vera Cruz foi descoberta em 326 por Helena de Constantinopla, mãe do Imperador Constantino I, durante peregrinação à cidade de Jerusalém. A Igreja do Santo Sepulcro foi construída no local da descoberta, por ordem de Helena e Constantino. A igreja foi dedicada nove anos após, em 335, com uma parte da cruz em exposição. Em 13 de Setembro ocorreu a dedicação da igreja e a cruz foi posta em exposição no dia 14, para que os fiéis pudessem venerá-la. Em 614 os persas invadiram a cidade e tomaram a cruz, que foi recuperada pelo Imperador Bizantino Heráclio em 628.
Heráclio, vindo a Jerusalém, a trouxe com grande pompa sobre seus próprios ombros, até a montanha onde o próprio Salvador a tinha transportado. Nesta ocasião, aconteceu um grande milagre bem digno de memória. Heráclio, coberto como estava de ornamentos de ouro e pedrarias, não pôde passar a porta que conduzia até o Calvário. Quanto mais seus esforços para avançar eram grandes, tanto mais se sentia impedido de continuar e parecia retido no mesmo lugar. Vendo isto, o bispo de Jerusalém, Zacarias, tomando a palavra, disse: “Considerai, Imperador, que esta ornamentação de triunfo, portando a Cruz, não lembra a pobreza e a humildade de Jesus Cristo”. Heráclio então, se despojando de suas vestimentas luxuosas, e com os pés descalços, vestido como um homem do povo, fez sem dificuldade o restante do caminho e recolocou a Cruz no Calvário, no mesmo lugar d’onde os Persas a tinham retirado.  (Fonte – Montfort, associação Cultural)
Desde que Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho da Bem-Aventurada e Virgem Maria, salvou o mundo por sua paixão e morte de Cruz, esta se tornou o sinal de nossa salvação, mas não apenas isso, a Santa Cruz nos nossos dias atuais tornou-se também, um testemunho de verdade e fidelidade reciproca ao Amor de Deus e a Santa Igreja. Um Católico que leva consigo uma Cruz no peito, atemoriza os inimigos do corpo e da alma e se torna, em si mesmo, um sacramental redentorista de Cristo.
            CIC 1505 - Pela sua paixão e morte na cruz. Cristo deu novo sentido ao sofrimento: desde então este [sofrimento] pode configurar-nos com Ele e unir-nos à sua paixão redentora.
CIC 616 -  É o amor até ao fim que confere ao sacrifício de Cristo o valor de redenção e reparação, de expiação e satisfação.
“É este o estilo do amor de Cristo, marcado com o sinal da cruz gloriosa, na qual Cristo é exaltado, à vista de todos, com o coração aberto, para que o mundo possa contemplar e ver, através da sua humanidade perfeita, o amor que nos salva.” (Bento XVI)
Ninguém poderá viver sem dor, Quem ama de verdade o Salvador.” (A Imitação de Cristo, III, c. 5).  A Cruz é também sinal de sofrimento, pois quem decide abraçar a Cruz, deve fazê-lo por amor àquele que nos deu a Vida por sua morte, então tenhamos a coragem de abraçar nossa Cruz cotidiana, seja ela qual for: pobreza - que a sua Crua seja também sua força para alçar uma melhor condição; carências afetivas - firme-se na Cruz e resista às tentações que podem te levar a desistir de sua caminhada; aridez espiritual - una sua alma ao Cristo crucificado e lá encontrarás a maior prova de amor já vista em toda a história da humanidade. Todos nós carregamos cruzes, então “Tome a sua Cruz! A sua!” (São Luís Maria de Montfort, CAC. 18). Deus não nos deu um jugo que não poderíamos carregar, mas ao contrário, nossa cruz deve ser a arma de nossas conquistas, leve sobre os ombros como um estandarte de batalha, sem arrastá-la, sem resmungar, e principalmente, sem largá-la, pois como disse Santa Teresa Benedita da Cruz: “Geralmente recebemos uma cruz mais pesada, quando desejamos nos livrar daquela que tínhamos antes” (A Ciência da Cruz). A CRUZ transforma-se assim no próprio SINAL DA VIDA, porque nela Cristo vence o pecado e a morte através da entrega total de si mesmo. Por isso, devemos abraçar e adorar a Cruz do Senhor, fazê-la nossa. (Bento XVI)
Para Nosso Senhor, que é um sinal de contradição (Cf. Lc 2,34), primeiro a cruz significava desprezo, vergonha. Mas tornou-se sinal de esperança de salvação. É verdadeiramente fonte de bens infinitos. Na Cruz, Jesus pagou por nossos erros, libertou-nos dos nossos pecados, reconciliou-nos com Deus, uniu todos os povos em um só corpo, transformou-nos em seus amigos.
E o próprio Jesus nos exorta a esse sapiencial caminho de santidade: “Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me.”(Lc 9,23), caso contrário pois, aqueles que não aceitam sofrer com paciência e carregar sua cruz com resignação, terão de carregá-la com murmurações e impaciência, como acontece com os que se condenam. Serão semelhantes aos dois animais que arrastavam a Arca da Aliança mugindo continuamente. (Cf. São Luís Maria de Montfot, CAC. 33).
Ficar perto da cruz é uma tarefa desafiadora para todos os cristãos, por isso, Jesus Cristo, Sabedoria Eterna Encarnada, nos sagra a Virgem Maria. O Redentor confia sua Mãe ao discípulo amado e dá-la como mãe. Nesse momento, a maternidade de Maria Santíssima atinge cada um de nós, e Ela se torna a Genitora de todo corpo eclesial. A Mãe do Salvador, foi, sem dúvida, a pessoa que mais participou da paixão e morte de Nosso Senhor. Ela ouviu cada uma de suas palavras na Cruz, Ele, por sua vez, olha para sua mãe com compaixão. Ela ESTÁ DE PÉ aos pés da Cruz e com a alma transpassada de profunda dor, esteve atenta à agonia do seu Filho. Aos pés da Cruz é que o homem conhece a Mãe da Humanidade, Maria! “E dessa hora em diante o discípulo a levou para sua casa” (Jo 19,27). Esse discípulo, por sua vez, assume o papel de filho, que também é o papel de cada cristão, e certamente, tem como resposta o amor da Mãe.
Nós pregamos Cristo crucificado, o qual, de fato, é escândalo para os judeus e loucura para os gentios, mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus (Cf. I Cor 1, 23-24).
Então poderíamos compreender verdadeiramente o mistério da Cruz, "como Deus cria prodígios até na impossibilidade para que se saiba que só ele pode fazer o que quer. Da sua morte a nossa vida, das suas chagas a nossa cura, da sua queda a nossa ressurreição, da sua descida a nossa exaltação" (Papa emérito Bento XVI – AUDIÊNCIA GERAL 04/04/2007).
Ó Sabedoria da Cruz, quantos te rejeitam, és caminho para felicidade.
"Se não houvesse a cruz, Cristo não seria crucificado. Se não houvesse a cruz, a vida não seria pregada ao lenho com cravos. Se a vida não tivesse sido cravada, não brotariam do lado as fontes da imortalidade, o sangue e a água, que lavam o mundo. Não teria sido rasgado o documento do pecado, não teríamos sido declarados livres, não teríamos provado da árvore da vida, não se teria aberto o paraíso. Se não houvesse a cruz, a morte não teria sido vencida e não teria sido derrotado o inferno". (Santo André de Creta)







Luiz Maria,  
membro Nível I da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus, 
indigno Escravo de Amor à Santíssima Virgem Maria.