quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Apresentação de Nossa Senhora por Pe. Jailton

por Pe. Jailton (para a festa de Nossa Senhora da Apresentação em 21/11/2010)

A nossa Igreja prepara-se para celebrar a festa de Nossa Senhora da Apresentação, Padroeira da Arquidiocese e da cidade do Natal. A origem desta festa, que lembra a apresentação de Nossa Senhora no templo, conhece-mo-la não pelos evangelhos canônicos, mas por informações extra-bíblicas (especialmente pelo proto-Evangelho de Tiago), o que não significa dizer que a festa careça de probabilidade  histórica. Conforme piíssima tradição, Maria Santíssima, com apenas três anos, foi pelos  pais, São Joaquim e Sant’Ana, em cumprimento de uma promessa, levada ao templo, para ali, com outras  meninas, receber educação adequada  à sua idade e  posição, mas sobretudo para consagrar-se ao Senhor. A promessa consistia em oferecer a Deus um filho ou filha que viesse a nascer dos dois, pois como se sabe eram de idade avançada, Ana era estéril e sofria os preconceitos de sua sociedade por não haver gerado. A Igreja do Oriente realçou este fato com as honras de uma festa litúrgica. A Igreja do Ocidental assumiu também para si, a comemoração da Apresentação de Nossa Senhora a partir o século VIII.  Instituída primordialmente pelo Papa Gregório XI, em 1372,  em Avignon, em 1585, Sixto V estabeleceu que tal festa fosse celebrada por toda a Igreja.
Não erramos em supor que Joaquim e Ana, quando levaram a filhinha ao templo, fizeram-no por inspiração sobrenatural, querendo Deus que desde a conceição foi preservada imune da macula original em vista dos méritos do seu Filho, Salvador e Redentor nosso, recebesse educação e  instrução esmeradíssima.
Sem dúvida, para Maria, a criança entre todas mais privilegiada, reconhecia em tudo uma solene  consagração da  vida a Deus, a oferta de  si mesma ao Supremo Senhor. O que oferecia, era a oferta das primícias, e as primícias,  são preciosas  por serem uma demonstração da generosidade do ofertante, e uma homenagem a quem as recebe.  Maria ofereceu-se plena e eternamente. O que o salmista cantou, cheio de  júbilo, traduziu-se na alma da bem-aventurada menina:  “Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos! A minha alma suspira e  desfalece pelos  átrios do Senhor” (Sl 84, 2).  “Subirei ao altar de  Deus;  do Deus que alegra a minha mocidade” (Sl 42, 4).
Que liberdade de espírito, tanto nos santos pais como na augusta menina!  Que grandeza para o céu e para a terra! O que encanta o Criador e lhe atrai a  graça, em toda a plenitude edifica e enleva a  todos que se ocupam deste mistério na vida de Nossa Senhora. Poderá haver coisa mais bela que a piedade, o desprendimento completo no serviço do Senhor?
            A vida de Nossa Senhora no templo acertadamente foi a  mais santa, a mais perfeita que se pode imaginar. O templo era a morada de Deus e  na proximidade de  Deus se deleitava a pequena e bela alma em flor.  “O passarinho acha casa para si e a rôla ninho nos altares do Senhor dos Exércitos, onde um dia é melhor que mil nas mansões dos pecadores” (Sl 83, 4).  Santo era o lugar onde ela habitava. Era o templo onde os antepassados tinham feito orações, celebrado as festas; era o templo onde se achava a Arca da Aliança, o trono de Deus entre o povo;  era  o templo onde as profecias  diziam que o Messias devia fazer entrada.
             Como Jesus, também Maria cresceu em graça e  sabedoria diante de Deus e dos homens. Este crescimento os Padres da Igreja contemplam-no em belas imagens no mesmo livro do Eclesiástico: “Sou  exaltada qual cedro no Líbano, e qual cipreste no monte Sião. Sou exaltada qual palma de Engadi e como rosais em Jericó. Qual oliveira especiosa nos campos e  qual plátano, sou exaltada junto da água nas praças. Assim como o cinamomo e o bálsamo que difundem cheiro, exalei fragrância; como a  mirra escolhida derramei odor de suavidade na minha habitação;  como uma vide, lancei flores de um agradável perfume e as  minhas flores são frutos de honra e de  honestidade”(Eclo 24, 17-20).  Nunca houve meninice tão santa como a  de Maria Santíssima. Outra não poderia ser, pois estava em função da realização do mistério dos mistérios:  a  Encarnação do Verbo Eterno que veio habitar entre nós.




Pe. Jailton Soares é escravo de amor desde seminarista e hoje exerce a função de vigário paroquial da Catedral de Nossa Senhora da Apresentação

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

DOGMA MARIANO III: Virgindade Perpétua

po Maria Cristina


“Se alguém não confessa de acordo com os santos Padres, propriamente segundo a verdade, como Mãe de Deus, a santa, sempre virgem e imaculada Maria, por haver concebido, nos últimos tempos, do Espírito Santo e sem concurso viril gerado incorruptivelmente o mesmo Verbo de Deus, especial e verdadeiramente, permanecendo indestruída, ainda depois do parto, sua virgindade, seja condenado” (Papa Martinho I durante o Concílio de Latrão, 664).

A virgindade de Nossa Senhora pode ser entendida em três dimensões:Virgindade de mente ou aspecto espiritual, que diz respeito à entrega total da Santíssima Virgem a Deus, por meio do Seu constante propósito de virgindade, evitando tudo aquilo que repugnava a perfeita castidade;Virgindade dos sentidos ou aspecto moral, o que podemos entender como imunidade dos impulsos desordenados da carne, a concupiscência;Virgindade do corpo, isto é, integridade física jamais violada por nenhum contato de homem algum. Essas três dimensões traduzem-se na expressão Aeiparthenos – “sempre-virgem” – termo grego usado pelos cristãos dos primeiros séculos para qualificar de modo singular e eficaz a pessoa de Maria Santíssima e exprimir numa só palavra a fé da Igreja em Sua virgindade perpétua.

A Igreja ensina este mistério e privilégio mariano com uma fórmula tradicional: virgem antes do partovirgem no parto e virgem depois do parto. Essa verdade de fé foi proclamada como Dogma no Concílio Ecumênico de Latrão, em 649, e a partir deste ano toda a Liturgia Cristã enaltece a Virgindade Perpétua da Divina Mãe de Deus.
Entende-se, portanto, que o amor de Jesus à Sua Mãe, que havia oferecido a Deus Sua virgindade, fez que os planos divinos da redenção se realizassem, respeitando esse propósito de Maria Santíssima. Desse modo, a Maternidade e a Virgindade, dizia São Bernardo, são duas coroas que Deus quis concedê-la (cf. In assumptione B. Mariae Virginis: PL 183, 428).

Assim, o Dogma da Virgindade Perpétua deve considerar, principalmente, aintegridade corporal de Maria Santíssima, pois, como nos ensina a Igreja, Nossa Senhora:
- era virgem ao conceber a Nosso Senhor (antes do parto);
- foi virgem ao dar a luz ao Senhor (no parto);
- permaneceu virgem depois do nascimento de Cristo (depois do parto).
De acordo com o Magistério:
  1. Em todos os Símbolos Apostólicos se declara a Fé quando se diz: "Creio em Jesus Cristo... que nasceu da Virgem Maria, por obra do Espírito Santo" (cf. DZ. 4,5,6,7,19,282).
  2. b) Os Concílios e declarações pontifícias expressam com unanimidade esta verdade.

    A Sagrada Tradição também nos afirma essa verdade, por meio de escritos dos santos:

    Santo Irineu: "Era necessário que na restauração de Adão por Cristo... a desobediência virginal de Eva fosse desvirtuada e suprimida pela obediência virginal
    de Maria".

    São Jerônimo: "Cristo virgem e Maria virgem consagraram os princípios da virgindade em ambos os sexos".

    Santo Agostinho: "Se com o nascimento de Jesus se houvesse corrompido a integridade da mãe, não haveria nascido de uma virgem, e, portanto, toda a Igreja
    professaria falsamente que havia nascido de uma virgem".

    Santo Efraim: "Entrou e habitou secretamente no seio; saindo depois do seio, não rompe o selo virginal".

    "Enquanto o hedonismo, a sensualidade e a exaltação imoderadada do sexo vêm inundar e asfixiar a humanidade, o Senhor nos revela sua estima e seu apreço divino da pureza, unindo milagrosamente em sua Mãe o gozo da maternidade e o honra da virgindade." (Pio XII)

    O que nos diz esse Dogma?

    A virgindade perpétua de Maria Santíssima é um milagre operado por Deus e um privilégio concedido e intimamente ligado ao da maternidade divina. Este dogma mariano se explícita em três grandes momentos: antes, no, e depois do parto:

    A Virgindade antes do parto:

    Antes de conceber Jesus, Maria Santíssima não teve nenhum contato carnal humano e, ainda, concebeu o Senhor milagrosamente, isto é, sem o contato com um homem. A ação do sêmen viril foi suprimida milagrosamente por Deus, “por obra do Espírito Santo”.
Segundo a Sagrada Escritura:
- "A virgem conceberá e dará a luz a um filho." (Is 7, 14)
- "o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma virgem, o nome da virgem era Maria". (Lc 1, 26)
- “'Como será isso, pois não conheço homem algum? '. 'O Espírito Santo virá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra'." (Lc 1, 34-36)
- "José... não temas receber Maria, porque o concebido nela é obra do Espírito Santo". (Mt 1, 20).
- Em Mt 1, 16 e 18-25: "... Jacó gerou a José"; ao citar a seqüência das genealogias, o lógico seria continuar essa seqüência dizendo: José gerou a Jesus, mas se disse: "... Maria da qual nasceu Jesus".
Por razões de conveniência, São Tomás de Aquino nos explica que o Verbo que foi concebido eternamente na mais alta pureza espiritual, foi também concebido virginalmente quando se fez carne. Além disso, nos afirma que “para que a natureza humana do Salvador estivesse extinta do pecado original, converia que não fosse concebido por via seminal, mas por concepção virginal. Do contrário, seria um absurdo que Cristo tivesse necessidade de se redimido. Se fez igual em tudo a nós, menos no pecado (cf. Hb 4,15).
A Virgindade No Parto:
A Virgem Maria deu a luz ao Seu Filho primogênito sem perder a Sua integridade corporal e, ainda, Seu parto foi sem dor alguma. A Ela não alcançou o castigo que Eva recebeu: “gerarás teus filhos com dor” (Gn 3,16). O parto, em conseqüência, foi milagroso e de caráter extraordinário.
Segundo a Sagrada Escritura:
- "E deu a luz a seu Filho primogênito e o envolveu em panos, e o reclinou em uma manjedoura, porque na cidade não havia lugar para eles". (Lc 2,7)
- São Pio X, por sua vez, nos diz que o nascimento de Nosso Senhor foi "como um raio de sol que atravessa o cristal sem rompê-lo ou manchá-lo".
Por conveniência, São Tomás de Aquino expressa que “o Verbo, que foi certamente concebido e que procede do Pai sem nenhuma corrupção, devia, ao fazer-se carne de uma Mãe virgem, conservar Sua virgindade”.
A Virgindade Depois do Parto:
Depois de dar a luz a Seu Filho primogênito, Maria Santíssima, virginalmente permaneceu sempre virgem, até o final de Seus dias na terra, sem ter contato com homem algum, e em conseqüência, sem gerar outros filhos.
Segundo a Sagrada Escritura:
- "Pois não conheço homem algum" (Lc 1,34). Essas palavras indicam a resolução de Maria, opinião comum, fazendo o voto perpétuo de virgindade, o qual significa que aceita a concepção virginal de Cristo - por obra do Espírito Santo - e reafirma seu desejo de permanecer sempre virgem.
- "E não a conheceu até que deu a luz um Filho, ao qual pôs o nome de Jesus" (Mt 1,25). As palavras desse versículo: "E não a conheceu até que deu a luz..." tem induzido alguns a interpretá-la no sentido que, depois do nascimento de Jesus, entre a Virgem Maria e São José, houveram relações matrimoniais. Deve levar-se em conta o sentido bíblico que diz "até que", pretende ressaltar o que já tem ocorrido até esse momento: a concepção virginal de Jesus. A partícula não leva em conta a situação posterior.

A Igreja tem ensinado sempre a perpétua virgindade de Maria. Conforme as declarações do Magistério neste capítulo e os comentários sobre a passagem da Anunciação no capítulo 3 e, em particular, o dizem no v. 34 da mesma passagem. "Mulher, eis aí teu Filho" (Jo 19,26). Isso não haveria ocorrido, não seria lógico, se Maria tivesse outros filho que pudessem cuidar dela.
Maria Santíssima é a pureza personificada, o ideal vivente da virgindade. Por ela, escreve Santo Cura D'Ars: "Devemos professar uma fervente devoção à Santíssima Virgem, se quisermos conservar essa virtude; da qual não nos deve caber dúvida alguma, se considerarmos que Ela é a Rainha, o modelo de Patrona das Virgens..." (Sermão sobre a pureza)

A união virginal entre São José e Nossa Senhora:
Pode-se supor que entre José e Maria, no momento do noivado, houvesse um entendimento sobre o projeto de vida virginal. De resto, o Espírito Santo, que tinha inspirado a Maria a escolha da virgindade em vista do mistério da Encarnação, e queria que esta acontecesse num contexto familiar idôneo ao crescimento do Menino, pôde suscitar também em José o ideal da virgindade (João Paulo II, A Virgem Maria, p.79).
Precisamente em vista da sua contribuição para o mistério da Encarnação do Verbo, José e Maria receberam a graça de viverem juntos o carisma da virgindade e o dom do matrimônio. A comunhão de amor virginal de Maria e José, embora constitua um caso muito especial, ligado à realização concreta do mistério da encarnação, foi todavia um verdadeiro matrimônio (cf Exort. Apost. Redemptoris custus, 7).
Acreditar na virgindade de Maria é acreditar nos privilégios que Deus tinha por Sua Mãe. Ela era e é a Cheia de Graça, cheia das bênçãos de Deus, que pode tudo “Pois para Deus nada é impossível (Lc 1,37). “Maria é virgem porque a sua virgindade é o sinal de sua fé, “absolutamente livre de qualquer dúvida” (Catecismo da Igreja Católica, nº 506).

Fonte:
CATECISMO da Igreja Católica: Edição típica Vaticana. São Paulo: Loyola, 2000.
VALADÃO, Bruno. A Virgindade de Maria. Disponível em: http://www.virgemperegrina.com.br/formacao/mariologia/virgindade.asp. Acesso: Ago 2009.
AQUINO, Felipe Rinaldo de Queiroz de. (org.). A Virgem Maria – 58 Catequeses do Papa sobre Nossa Senhora/ Papa João Paulo II. Lorena: Cléofas, 2006.





Maria Cristina é membro aliança nível 2, casada e mora no Condomínio Mãe de Deus.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

DOGMA MARIANO II: Imaculada Conceição

por Maria Cristina

Para ser a Mãe do Salvador, Maria “foi enriquecida por Deus com dons dignos para tamanha função”. No momento da Anunciação, o anjo Gabriel a saúda como “cheia de graça”. Efetivamente, para poder dar o assentimento livre de Sua fé ao anúncio de Sua vocação era preciso que Ela estivesse totalmente revestida da graça de Deus.

Ao longo dos séculos, a Igreja tomou consciência de que Maria, “cumulada de graça” por Deus, foi redimida desde a concepção. É isso que confessa o Dogma da Imaculada Conceição, proclamado em 1854 pelo papa Pio IX:

A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de Sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha do pecado original (CIC §491).

Esta “santidade resplandecente, absolutamente única” da qual Maria é “enriquecida desde o primeiro instante de Sua conceição” lhe vem inteiramente de Cristo: “Em vista dos méritos de Seu Filho, foi redimida de um modo mais sublime”. Mais do que qualquer outra pessoa criada, o Pai “abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo” (Ef 1,3). Ele a “escolheu nele (Cristo), desde antes da fundação do mundo, para ser santa e imaculada em Sua presença, no amor” (Ef 1,4) (CIC § 493).

A Igreja do Oriente, segundo consta no Catecismo da Igreja Católica, diz, em sua tradição, que: “Os Padres da tradição oriental chamam a Mãe de Deus ‘a toda santa’ (Pan-hagia), celebram-na como imune de toda a mancha de pecado, tendo sido plasmada pelo Espírito Santo, e, formada como uma nova criatura’. Pela graça de Deus, Maria permaneceu pura de todo pecado pessoal ao longo de toda a sua vida”(CIC, 493). Os teólogos chamados de imaculatistas defendiam o privilégio da Virgem Maria. Os imaculatistas que defendiam ser Maria Imaculada opunham-se ao chamados maculatistas, que também tinham Nossa Senhora como toda bela e formosa, a “cheia de graça”, mas não compartilhavam da idéia Dela estar acima do pecado original, ou seja, Nela não ter a mancha do pecado. Queriam os maculatistas, salvaguardar a doutrina da redenção operada por Cristo em favor de todas as criaturas. Eles argumentavam que Adão e Eva foram criados em estado de graça, mas contraíram uma dívida com Deus, pela desobediência: o pecado original. Em conseqüência disto, foi transmitido o pecado a toda humanidade. Os maculatistas interrogavam: se Maria era Imaculada, então não precisou da redenção de cristo?

Duns Scoto foi o teólogo que argumentou, historicamente, em favor do privilégio mariano, baseando-se na Redenção Preventiva. Ele encontrou a fórmula que solucionava a dificuldade de admitir que também Nossa Senhora como filha de Adão e Eva devia está sujeita ao pecado original. Ele pregava que Maria, Virgem Singular, foi preservada deste pecado, em previsão dos méritos de Cristo, com antecipada aplicação da redenção universal de Jesus. Duns Scoto afirmava assim, que Maria teria sido redimida de uma forma mais sublime, mais excelsa: Ela não teria sido libertada do pecado como o resto da humanidade, mas preservada do pecado. Nossa Senhora não teria sido chamada como a Cheia de Graça se estivesse sob o domínio do pecado.

Todos nascemos com a herança do pecado original. Colocamo-nos na comunhão com Deus através do Batismo, que pelos merecimentos de Cristo, nos une novamente a Deus como filhos. A toda formosa, minha companheira, não precisou desse batismo para ser purificada, pois pelos méritos previstos de Cristo, Ela foi batizada na Graça já em Sua conceição. Nela não há mácula da culpa primeira.

Era sumamente conveniente que Deus preservasse a Rainha da Paz, do pecado original e de suas seqüelas, pois era Ela, destinada a ser mãe de Seu Filho. Ele afirmava que Deus não está condicionado pelo tempo: Ele pode ter aplicado antes de Cristo os méritos que Cristo adquiriria pela Sua morte e ressurreição. Isto era possível para a Onipotência de Deus. Perante esta sutil, mas irretorquível argumentação, os teólogos concordaram em aceitar esta doutrina, pois, este privilégio é dom gratuito e foi concedido apenas à Virgem e a ninguém mais, em previsão dos méritos de Cristo, porque a Maria Santíssima a redenção foi aplicada antes da morte do Senhor.

O Dogma da Imaculada Conceição teve como base as seguintes escrituras:
- “Porei ódio entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar” (Gn 3,15);

- “Entrando, o anjo disse-lhe: ‘Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo’” (Lc 1,28).
- “E exclamou em alta voz: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre’” (Lc 1,42)


Por fim, o Dogma da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem, não obscurece, pelo contrário, contribui admiravelmente para melhor pôr em relevo os efeitos da Graça redentora de Cristo na natureza humana. “Para Maria, primeira remida por Cristo, a qual teve o privilégio de não ser submetida nem sequer por um momento ao poder do mal e do pecado, olham os cristãos, como para o modelo perfeito do ícone daquela santidade (cf LG, 65), que são chamados a alcançar, com a ajuda da graça do Senhor, na sua vida (Papa João Paulo II).

Fontes:
CATECISMO da Igreja Católica: Edição típica Vaticana. São Paulo: Loyola, 2000.
AQUINO, Felipe Rinaldo de Queiroz de. (org.). A Virgem Maria – 58 Catequeses do Papa sobre Nossa Senhora/ Papa João Paulo II. Lorena: Cléofas, 2006.
CARVALHO, César Augusto Saraiva de; CARVALHO, Mara Lúcia Figueirêdo Vieira de. Totus Tuus – Manual de Consagração a Jesus por Maria Santíssima (Método de São Luís Maria Grignion de Montfort).




 
 


Maria Cristina é membro aliança nível 2, casada e mora no Condomínio Mãe de Deus.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

DOGMA MARIANO I: Mãe de Deus

por Bruna Maria 


Mãe de Deus ou THEOTOKOS foi o primeiro dogma da Virgem Maria reconhecido pela Igreja. Sua promulgação ocorreu no Concílio de Éfeso (431 d.C.) pelo Papa Clementino I, e, após algum tempo foi confirmado por outros Concílios universais: o de Calcedônia e os de Constantinopla II.


A Maternidade Divina de Maria Santíssima é, sem dúvida, a maior glória e a maior dignidade que Deus reservou para Ela. Todas as atenções de Deus, dos anjos, das pessoas iluminadas pelo Espírito Santo, como o Anjo Gabriel, Isabel, e mesmo Jesus, são motivadas e ligadas todas elas à Maternidade Divina de Nossa Senhora.

Para entender essa verdade de fé reconhecida pela Igreja é necessário fixar claramente alguns pontos sobre o que a Bíblia, o Catecismo, a tradição e o Magistério da Igreja nos direcionam a respeito da Santíssima Trindade.


Santíssima Trindade
O dogma da Santíssima Trindade nos garante que não existem três deuses, mas Três Pessoas Divinas formando um só Deus (Pai, Filho e Espírito Santo). Essas Três Pessoas possuem a mesma natureza ou substância e são relativas entre si, ou seja, não existe nenhuma hierarquia entre elas. Deus Pai não é maior do que Deus Filho, que por sua vez, não é maior do que o Espírito Santo ou o contrário.

A Santíssima Trindade é eterna, onipotente, onipresente, onisciente, amor e misericórdia, Criadora de todas as coisas visíveis e invisíveis; tudo o que existe foi criado por ela. Na criação do mundo, por exemplo, podemos observar claramente a sua presença: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança...” (Gên: 1, 26), à imagem e semelhança da Santíssima Trindade.

Na história da salvação se pode observar que Deus é o mesmo ontem, hoje e sempre, tendo Sua dinâmica segundo a manifestação que faz em cada tempo.

No antigo testamento é a Pessoa de Deus Pai que se manifesta na interação com Adão, Moisés e os profetas. A partir da encarnação do verbo, no seio da Virgem Maria, esse mesmo Deus se faz homem e se oferece em sacrifício na cruz, manifestando-se na Pessoa do Deus Filho. Após a sua morte e ressurreição gloriosa, Ele não está no meio de nós feito homem, mas é manifestado na pessoa do Espírito Santo Paráclito, Aquele que conduz a Igreja.

Mesmo manifestando-se através de três Pessoas distintas, Deus é UM só, e, a Virgem Maria sendo Mãe de Jesus, é, também, a Mãe de Deus.

Mãe de Jesus, Mãe de Deus
Quando dizemos que Maria Santíssima é Mãe de Deus não devemos entender que Ela tenha gerado em seu seio a divindade de Jesus Cristo. Nossa Senhora é Mãe do Filho de Deus, Jesus Cristo, o qual é Deus como o Pai e o Divino Espírito Santo. O Filho de Deus é pessoa divina, própria e individual. Antes de se encarnar, não existia Jesus Cristo, como Homem-Deus, mas como Puríssimo Espírito. Todas as ações de Jesus Cristo, milagres, ofensas, dores e sofrimentos são atribuídos a Jesus, homem-Deus.

Por tudo isso, Nossa Senhora é Mãe do Filho de Deus, feito homem, e, sendo Jesus Cristo Deus, por conclusão lógica, entende-se que Ela é Mãe de Deus.

Mãe em sentido pleno
O Catecismo da Igreja Católica nos diz que todo ser humano possui em si uma parte espiritual, criada por Deus (alma) e uma parte material, preparada pelos pais (corpo).

Como pessoa, o ser humano, começa a existir quando a parte material e a parte espiritual se unem substancialmente no seio de sua mãe. Mas, a mãe, juntamente com o pai, só prepara a parte material, pois a alma, como dito, foi criada diretamente por Deus.

Entretanto, o ser humano considera a sua mãe como mãe em sentido pleno, como aquela que o gerou. E, assim Maria Santíssima gerou seu Filho Jesus Cristo em seu seio, embora a parte divina de Jesus, a sua pessoa divina, já existisse desde toda eternidade.
A Santíssima Virgem, dando à luz Jesus Cristo, deu à luz seu Filho, o qual é totalmente Deus e totalmente homem. Nossa Senhora é verdadeiramente Mãe de Deus, porque Jesus Cristo é Deus.

Prova na Escritura
Nenhum dogma é proclamado pela Igreja sem que antes sejam discernidos os argumentos que os constituem. A Sagrada Escritura é de suma importância neste discernimento. Os dogmas não contradizem aquilo que já foi inspirado pelo Espírito Santo nos Textos Sagrados, pelo contrário, o Catecismo ensina que essas verdades contidas na revelação Divina são luzes no caminho da fé, ou seja, ajudam a compreender a Bíblia de maneira coerente.

Em diversas passagens bíblicas, fica evidenciado que Nossa senhora é Mãe de Deus.
Já no Antigo Testamento o Profeta Isaías proclamava: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará ‘DEUS CONOSCO’” (Is: 7, 14).

No decorrer de toda a sagrada escritura também é observada, muito forte, a presença dos anjos como mensageiros da palavra de Deus. Os anjos não falam em seu próprio nome, mas em nome do Senhor.

No momento da anunciação não foi diferente, o Anjo Gabriel foi um instrumento de Deus: “Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono do seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.” (Lc: 1, 30 – 33).

Após a Virgem conceber, o evangelista Lucas narra que Ela foi à casa de sua prima Isabel, esta por sua vez, repleta do Espírito Santo (aqui não pode haver dúvida, pois é Espírito Santo quem fala), ao ver Maria Santíssima em sua casa, assim a saúda: “Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu SENHOR?” (Lc: 1, 43).

O apóstolo Paulo também declara: “ Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma MULHER e nasceu submetido à lei...” ( Gl: 4,4).
Assim, fica evidenciado, como em várias outras passagens que Nossa Senhora é de fato a Mãe de Deus.

Hereges negam que Maria Santíssima é Mãe de Deus
Desde antes da reforma protestante, alguns hereges negavam que Jesus não era totalmente homem, mas tinha só um corpo aparente, e que, a Virgem Maria, seria simplesmente mãe da parte humana de Cristo.

No século quinto da Era Cristã, Nestório, ex-bispo católico, levantou a dúvida quanto ao fato de ser a Santíssima Virgem a Mãe de Deus e colocando-a, tão somente, como mãe de Jesus Cristo, em sua forma puramente humana.

Para resolver a dúvida, foi instalado o Concílio de Éfeso, e, após diversas discussões sobre a Maternidade Divina, o Patriarca de Alexandria, São Cirilo, juntamente com diversos outros teólogos, bispos e religiosos, condenaram a doutrina de Nestório e no ano de 431, o dogma foi definido da seguinte forma: “Se alguém não professa que Emanuel (Cristo) é verdadeiramente Deus e que a Virgem Santa é Mãe de Deus (theotokos), que gerou segundo a carne o logos de Deus feito carne, seja excomungado”.

O Concílio Vaticano II faz referência ao dogma da seguinte maneira: “Desde os tempos mais remotos, a Bem-Aventurada Virgem é honrada com o título de Mãe de Deus, a cujo amparo os fiéis acodem com suas súplicas em todos os seus perigos e necessidades”. (Constituição DogmáticaLumen Gentium, 66).

São Luis Maria Grignion de Montfort, no Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, declara que quanto mais o Espírito Santo encontra numa alma a Virgem Maria mais Ele a fecunda. Por estes e por outros motivos que o próprio Espírito Santo suscita no coração daqueles que amam a Virgem Santíssima podemos declarar que Maria Santíssima é Mãe de Jesus e é Mãe de Deus.



Bibliografia
BATTISTINI, Frei Francisco. 
Maria nosso sim a Deus. 4 ed. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1984.
CARVALHO, Mara Lúcia Figueiredo Vieira de.
Totus Tuus! Manual de Consagração a Jesus por Maria Santíssima. 1 edição. Natal: Mater Dei, 2006.

http://blog.cancaonova.com/fatimahoje/dogmas-marianos/
on line, acessado em 03/08/2009 às 14:57.






Bruna Maria é membro aliança nível 2 da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus.